Cosmopolíticas kaingang no Kreie-bang-rê (Campos de Palmas/PR)
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v22i48.818Palavras-chave:
meio ambiente, floresta com araucária, cosmo-ontologia, colonizaçãoResumo
Este artigo procura discutir as relações cosmopolíticas kaingang, humanas e extra-humanas, no Kreie-bang-rê (região dos Campos de Palmas). Durante a ocupação ocidental nessa região, no século XIX, os líderes kaingang estiveram em constante diálogo e em confrontos com as elites locais, destacando-se a atuação dos caciques Kondá e Viry. A expansão colonial sobre os campos kaingang foram acompanhadas por estradas, que invadiram não somente as florestas, mas também os antigos caminhos que existem até os dias atuais. No início do século XX, alguns etnólogos descreveram as relações cosmo-ontológicas kaingang, os agenciamentos extra-humanos e as territorialidades locais, a partir da compreensão do coletivo kaingang, do Toldo das Lontras e da Campina do Cretã. Essas descrições não indígenas são documentos importantes para a compreensão das cosmopolíticas kaingang no Kreie-bang-rê, pois descrevem os territórios kaingang, as relações com os não indígenas e, ainda, aportam elementos sobre as ações humanas com os existentes extra-humanos e seus respectivos ambientes.
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