Importância das plantas alimentícias não convencionais (PANC) para a segurança alimentar na comunidade Pium (TI Manoá-Pium, Roraima, Brasil)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v22i47.770

Palavras-chave:

Wapichana, horta escolar, biodiversidade, agricultura indígena

Resumo

As plantas alimentícias não convencionais (PANC) têm uma ou mais categorias de uso alimentício e não fazem parte do dia a dia da maioria da população. Essas plantas têm uma importância em nível planetário, já que a alimentação básica global é cada vez mais homogênea, monótona e globalizada. Apesar de serem “não convencionais” para a maioria das pessoas, muitas PANC são familiares e importantes para as populações tradicionais, especialmente para a sua segurança alimentar. No caso das comunidades indígenas, a relação com a terra faz parte da segurança alimentar. Entretanto, os padrões de produção e de consumo de alimentos que hoje prevalecem em algumas comunidades indígenas não são muito bons porque são artificiais. O objetivo deste trabalho foi contribuir para a segurança alimentar por meio da valorização dos alimentos tradicionais e das PANC na comunidade indígena Pium, região Serra da Lua, Roraima. Foi feita uma descrição da percepção de moradoras da comunidade sobre a alimentação no passado e presente; também foi realizado um levantamento de PANC cultivadas por elas; e foi desenvolvida uma experiência de plantio diversificado orgânico, em parceria com a escola. A descrição das PANC e seu uso foram feitas também na língua Wapichana, que é cooficializada no município de Bonfim, onde foi realizado o estudo. É importante continuar uma análise sobre alimentação saudável, para estimular a população a plantar mais PANC e também continuar plantando as plantas tradicionais nas suas roças, hortas, quintais, visando à segurança alimentar e à conservação da cultura.

Biografia do Autor

Joceline Neide Araújo Veras, Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Graduada em Gestão Territorial Indígena, no Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa Vista, Roraima. Gestora Territorial Indígena formada pela Universidade Federal de Roraima (UFRR).

 

Rachel Camargo de Pinho, Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Mestre em Ciências de Florestas Tropicais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA, Manaus, Amazonas. Professora do curso de Gestão Territorial Indígena na Universidade Federal de Roraima (UFRR).

 

Ananda Machado, Universidade Federal de Roraima (UFRR)

Doutora em História Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Professora do curso de Gestão Territorial Indígena na Universidade Federal de Roraima (UFRR).

 

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WAPICHANA e Macuxi viram línguas oficiais em município de Roraima. G1, Roraima, Roraima, 7 dez. 2014.

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Publicado

2022-06-15

Como Citar

Veras, J. N. A., Pinho, R. C. de, & Machado, A. (2022). Importância das plantas alimentícias não convencionais (PANC) para a segurança alimentar na comunidade Pium (TI Manoá-Pium, Roraima, Brasil). Tellus, 22(47), 61–82. https://doi.org/10.20435/tellus.v22i47.770