Constituindo uma pesquisa autoetnográfica a partir da minha trajetória e concepção intercultural Kaiowá
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v0i31.375Resumo
O presente artigo apresenta minha trajetória de vida como Kaiowá e a sua influência no esboço da pesquisa autoetnográfica, no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). A autoetnografia que construí no mestrado é a partir do campo empírico estruturado na comunidade Kaiowá e Guarani, falante da língua materna do tronco linguístico Tupi Guarani, na Reserva Indígena Te’ýikue, município de Caarapó, Mato Grosso do Sul (MS). Para isso, foi possível constituir os processos metodológicos da pesquisa, a partir dos aportes teóricos dos estudos culturais, pós-críticos e colonialidade do saber que potencializam e estabilizam os saberes holísticos Kaiowá e Guarani, para dialogar com o conhecimento científico. Nesse sentido, vislumbra que a pesquisa transita entre a educação Kaiowá e Guarani, educação escolar indígena, as teorias já constituídas e a autoetnografia, evidenciando os processos de produção de dados no dia a dia que percorremos (como Kaiowá e Guarani), acontecem em movimentos de ziguezaguear. No caso desta pesquisa, destaco que o desenvolvimento se constituiu com o princípio de autoetnografia, a partir da vivência e experiência de vida no berço cultural da educação Kaiowá e Guarani; desde a minha infância vivi e convivi, perpassando em todas as fases, praticando os afazeres, os valores e constituindo-os saberes conforme o fundamento da educação Kaiowá e Guarani. Nessa concepção, os passos utilizados para o desenvolvimento da presente pesquisa eu denomino como autoetnografia, porque trazem concepções holísticas de dentro para fora no campo epistêmico. Como membro da comunidade, oriundo do mundo Kaiowá e Guarani e falante da língua materna, aproprio-me do mundo letrado para trazer e ressignificar os saberes Kaiowá e Guarani a partir da nossa cosmovisão, potencializando-o como ciência, onde vai desterritorializar o campo empírico da nossa pesquisa, abrindo caminhos para os novos territórios da pesquisa.
Palavras-chaves: educação Kaiowá e Guarani; educação escolar indígena; saberes tradicionais; processo próprio de ensino-aprendizagem.
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