Sobre a Tradição e a Tradução - releitura de Nós Paiter de Betty Mindlin por estudantes Suruí
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v22i48.798Palavras-chave:
Nós Paiter, Suruí, Tradição e tradução, Betty MindlinResumo
Para os Estudos Culturais as identidades no mundo atual possuem relação direta com as mudanças culturais decorrentes da globalização. Esta compreensão orientou a construção do presente texto, produzido no 1º semestre de 2021, no estado de Rondônia. Trata da interpretação extraída do livro Nós Paiter de Betty Mindlin (1985), um estudo antropológico sobre o Povo Indígena Surui localizado na Amazônia brasileira. Foi uma das leituras básicas desenvolvidas no Projeto de Pesquisa: Alfabetização Intercultural - estudos sobre os processos de compreensão da cultura escrita em escolas indígenas de Rondônia (2020-2021) no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Este escrito buscou analisar as mudanças e permanências culturais entre os Paiter tendo como referência a publicação citada, na perspectiva de estudantes indígenas da graduação. A fundamentação teórica ancorou-se nas contribuições de Giddens (1990) e Hall (2006) no que diz respeito à discussão dos conceitos de Tradição e Tradução. Os resultados apontaram que, na perspectiva dos três estudantes universitários do Povo Suruí, parte significativa das atividades discutidas continuam sendo praticadas nas aldeias Paiter, no âmbito da Tradição, mas não exatamente da mesma forma de antes o que remete às explicações da Tradução. Significa afirmar que as práticas culturais existentes foram de algum modo alteradas e estes efeitos incidem sobre suas atuais identificações. Concluímos que a leitura do livro Nós Paiter possibilitou o exercício do protagonismo estudantil Surui, momento que propiciou aprendizagens interculturais relevantes sobre a dinamicidade das culturas na contemporaneidade.
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