Estar na cultura: práticas de autonomia, traduções cosmopolíticas e contra-antropologias dos Tupinambá de Olivença

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v21i46.813

Palavras-chave:

Tupinambás de Olivença, autonomias indígenas, cosmopolítica, contra-antropologia

Resumo

Este artigo explora, através de alguns fragmentos do entramado histórico dos Tupinambá de Olivença, as práticas de autonomia, as traduções cosmopolíticas e a criação de uma contra-antropologia Tupinambá, produzidas na trama de seu movimento indígena ao longo da luta pela demarcação da Terra Indígena e a retomada do território. Porém, esses fragmentos escapam da captura que provocam essas categorias de origem analítica, conectando-se uns aos outros, motivo pelo qual uso a metáfora do entramado de um tecido para falar sobre os entrelaçamentos das relações produzidas pelos parentes indígenas. É por esse motivo que, ao longo do texto, ao falar de autonomia, o relato nos leva a entender seu curso junto às retomadas; por sua parte, as retomadas só se explicam na autonomia lograda pelas relações acumuladas nos enfrentamentos cosmopolíticos entre mundos que se anulam na luta pelo território; um enfrentamento que, por sua vez, se materializa na alteridade que se produz pelos espaços vividos onde se garantem as práticas autonômicas. Esses entrelaçamentos formam um entramado de relações ubíquas, as quais suportam a luta dos Tupinambá de Olivença.

Biografia do Autor

Amiel Ernenek Mejía Lara, UFBA

Actualmente realiza un posdoctorado en el Programa de Pós-graduação em Antropologia de la Universidade Federal de Bahia (PPGA/UFBA), becado por el Programa Nacional de Pós-Doutorado de la Coordinación de Perfeccionamiento de Personal de Nivel Superior (CAPES), Brasil, donde desarrolla actividades de docencia e investigación.Es doctor y maestro en Antropología Social por el Instituto de Filosofia e Ciências Humanas de la Universidade Estadual de Campinas (IFCH/UNICAMP), Brasil. Licenciatura en Antropología Social por la Escuela Nacional de Antropología e Historia (ENAH), México. Es miembro fundador y co-coordinador del Grupo de Investigación en “Etnologia, Línguística e Saúde Indígena” (ETNOLINSI). Miembro del Grupo de Investigación “Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro” (PINEB/CNPq) y investigador del Grupo de Investigación “Comunidades e(m) Autonomia no Sul da Bahia”.

Referências

ALARCON, D. F. O retorno dos parentes: mobilização e recuperação territorial entre os Tupinambá da Serra do Padeiro, sul da Bahia. 2020. p. 380. Tesis (Doctorado en Antropología Social) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, 2020.

ALARCON, D. F. O retorno da terra: as retomadas na aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, sul da Bahia. 2013. 343 f. Disertación (Maestría en Ciencias Sociales) – Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2013.

ARRUTI, J. M. Agenciamentos Políticos da “Mistura”: identificação étnica e segmentação negro-indígena entre os Pankararú e os Xocó. Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, p. 215-54, 2001.

ARRUTI, J. M. Morte e vida do Nordeste indígena: a emergência étnica como fenômeno histórico regional. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 15, p. 57-94, jul. 1995.

CARNEIRO DA CUNHA, M. “Cultura” e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. Cultura com aspas: e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

CASTRO-GÓMEZ, S. Ciencias sociales, violencia epistémica y el problema de la “invención del otro”. In: LANDER, E. (Org.). La colonialidad del saber. 2. ed. Buenos Aires: CLACSO, 2003. p. 145-61.

COMISSÃO ESPECIAL “TUPINAMBÁ”. Relatório da “Comissão Especial Tupinambá”. [S.l.], 2011.

COSTA, E. F. J. Da Corrida de Tora ao Poranci: a permanência histórica dos Tupinambá de Olivença no sul da Bahia, BA. 2013. Disertación (Maestría en Desarrollo Sustentable) – Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2013.

COUTO, P. Morada dos encantados, identidade e religiosidade entre os Tupinambá da Serra do Padeiro – Buerarema, BA. 2008. 169 f. Disertación (Maestría en Antropología) – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, 2008.

DE CARVALHO, M. R. G. A identidade dos povos do Nordeste. Anuário Antropológico, Brasília, v. 7, n. 1, p. 169-88, 2018.

INGOLD, T. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Editora: Vozes, 2015.

KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu. 1. ed. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2015.

LINS, M. Os Vermelhos nas terras do cacau: a presença comunista no sul da Bahia (1935-1936). Disertación (Maestría en Historia Social) – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, 2007.

MAGALHÃES, A. A luta pela terra como oração: sociogênese, trajetórias e narrativas do movimento Tupinambá. 2010. 151 f. Disertación (Maestría en Antropología) – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, 2010.

MARCIS, T. A “hecatombe de Olivença”: construção e reconstrução da identidade étnica – 1904. p. 163. Disertación (Maestría en Historia Social) – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, 2004.

FABIAN, J. O tempo e o outo: como a antropologia estabelece seu objeto. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.

MEJÍA LARA, A. E. Contra-invenções indígenas: antropologias, políticas e culturas em comparação desde os movimentos Nahua (Jalisco, México) e Tupinambá (Bahia, Brasil). p. 310. Tesis (Doctorado en Antropología Social) – Unicamp, Campinas, SP, 2017.

MEJÍA LARA, A. E. Estar na cultura”: os Tupinambá de Olivença e o desafio de uma definição de indianidade no sul da Bahia. 2012. 135 f. Disertación (Maestría en Antropología Social) – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP, 2012.

OLIVEIRA, J. P. Uma etnologia do “índios Misturados”: situação colonial, territorialidade e fluxos culturais. A viagem de volta: etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste indígena. Rio de Janeiro: Contra Capa, 1999.

ONU-ACNUDH. Informe de la Relatora Especial sobre los derechos de los pueblos indígenas – Misión al Brasil. ACNUDH, 2016.

ROCHA, C. C. Bora vê quem pode mais: uma etnografia sobre o fazer política entre os Tupinambá de Olivença (Ilhéus, Bahia). Tesis (Doctorado en Antropología Social) – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Santa Catarina, SC, 2014.

SANTANA, J. V. J. A letra é a mesma, mas a cultura é diferente: a escola dos Tupinambá de Olivença. 2015.

SANTOS, R. R. Organização política e produtiva dos Tupinambá da Serra do Padeiro. 2015. Trabajo de Conclusión de Curso (Licenciatura en Ciencias Económicas) – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, 2015.

SILVA, J. G. O manto Tupinambá. In: SEMINÁRIO ARTE E PENSAMENTO INDÍGENA, 1., 26 de junio de 2021. Academia de Letras da Bahia, 2021. [on-line]. Disponible en: https://www.youtube.com/watch?v=qzzDCxRe3oA. Acceso el: 3 agosto 2021.

STENGERS, I. La propuesta cosmopolítica. Revista Pléyade, Santiago de Chile, v. 14, p. 17-41, 2014.

STRATHERN, M. O gênero da dádiva problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas: Editora da UNICAMP, 2006.

TUPINAMBÁ, B. O que mata nossos adversários é o sorriso – Cacique Babau. [S.l]: [s.n.], 2019. Disponible en: https://www.youtube.com/watch?v=ydNHdLdsKkY. Acceso el: 23 agosto 2021.

TUPINAMBÁ – o retorno da terra. Direção de Daniela Fernandes Alarcon. Produção de Repórter Brasil. [S.l.], 2015. Vídeo, 25 min.

UBINGER, H. C. Os Tupinambá da Serra do Padeiro: religiosidade e territorialidade na luta pela terra indígena. Disertación (Maestría en Antropología) – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, BA, 2012.

VIEGAS, S. M. Terra calada: os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia. Rio de Janeiro: 7Letras; Almedina, 2007.

VIEGAS, S. M. Socialidades Tupi: identidade e experiência vivida entre índios-caboclos. Tesis (Doctorado en Antropología Social y Cultural) – Universidade de Coimbra, Portugal, 2003.

VIEGAS, S. M. Tupinambá em carne e osso. Público, Lisboa, 27 mar. 2000.

VIEGAS, S. M.; DE PAULA, J. L. Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação Da Terra Indígena Tupinambá De Olivença. Funai, 2008.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Contra antropologia, contra o estado: uma entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Revista Habitus, Goiana, v. 12, n. 2, p. 146-63, 2014.

Publicado

2022-03-16

Como Citar

Mejía Lara, A. E. (2022). Estar na cultura: práticas de autonomia, traduções cosmopolíticas e contra-antropologias dos Tupinambá de Olivença. Tellus, 21(46), 149–183. https://doi.org/10.20435/tellus.v21i46.813

Edição

Seção

Dossiê: Autonomias indígenas, negras e camponesas