Experiências de pesquisa em educação escolar indígena: reflexões sobre práticas etnoeducacionais em Altamira, PA
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v21i46.758Palabras clave:
indigenismo, educação escolar, etnoeducaçãoResumen
Este artigo tem como objetivo mostrar experiências e reflexões de pesquisa no espaço etnoeducacional da Educação Escolar Indígena, no Médio Xingu, município de Altamira, Pará, Brasil. Considera-se a abordagem dos conceitos de etnicidade e grupos étnicos, a partir dos pressupostos teóricos, como a pesquisa antropológica que nos leva a conhecer outros universos sociais e culturais, imprimindo uma concepção baseada na interação das relações sociais e identitárias. Os procedimentos metodológicos são de análise documental, bibliográfica e de pesquisas qualitativas do tipo estudo de campo. Assim, usam-se instrumentos de observação participante, e a análises interpretativas do universo ao qual se pesquisa. A experiência de pesquisa em Educação Escolar Indígena apresenta-se a partir do estudo em campo em reuniões, seminários, congressos e outros eventos na cidade de Altamira onde estavam as etnias (Juruna, Xipaya, Kuruaya, Arara, Kayapó, Xikrin, Asuriní, Araweté e Parakanã) tem sua importância por possibilitar reflexões das práticas etnoeducacionais, com um olhar mais sensível e apurado, delineando assim, um percurso dialógico, empírico e “próximo”. Priorizam-se as teorias de Barth (2000), Santos (2008), Boaventura Santos (2008), Bonin (2012) André (1995) para dar suporte aos conceitos e provocar discussão no campo temático ora proposto. Nesse diálogo, conclui-se que a Educação Escolar Indígena movimenta-se como uma política em construção, com características fortes e marcantes da etnoeducação, em que são valorizadas os saberes e fazeres locais dos indígenas, embora, de modo ainda embrionária devido aos percalços instaurados por séculos pela sociedade capitalista e elitista.
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