Mulheres Kaingang e seu saber-fazer artesanal: a interrelação entre cosmologia e conhecimento
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v21i45.755Palavras-chave:
mulheres Kaingang, artesanato, cosmologia, conhecimentoResumo
Este artigo analisa os processos de criação do artesanato de mulheres Kaingang da Terra Indígena de Mangueirinha/Paraná. Pelo artesanato são expressas as cosmologias, as resistências e a transmissão de conhecimentos para as gerações mais jovens. A pesquisa foi realizada através do método etnográfico, com observação participante, entrevistas abertas e registros sistemáticos em diário de campo. As narrativas das mulheres Kaingang sobre seus artesanatos denunciam o desmatamento que faz com que fiquem escassos os materiais para a sua elaboração, além do acesso aos seus alimentos e aos remédios tradicionais. Elas relatam a diminuição do número de artesãos Kaingang em razão da captura que ocorre para o trabalho industrial, principalmente em frigoríficos. Além disso, elas reivindicam o acesso a espaços para a venda de seus artesanatos em municípios da região e denunciam as violências que os coletivos indígenas enfrentam em termos de genocídio e epistemicído.
Referências
BAPTISTA DA SILVA, Sergio. Cosmo-ontologia e xamanismo entre coletivos Kaingang. In: FLECK, Eliane Cristina Deckmann (Org.). Religiões e religiosidades no Rio Grande do Sul: manifestações da religiosidade indígena. São Paulo: ANPUH, 2014. p. 69-96.
BAPTISTA DA SILVA, Sergio. Cosmo-ontológica Mbya-Guarani: discutindo o estatuto de “objetos” e “recursos naturais”. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 42-54, 2013.
BAPTISTA DA SILVA, Sergio. Cosmologias e ontologias ameríndias do sul do Brasil. Algumas reflexões sobre o papel das ciências sociais face ao Estado. Revista Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 182-92, 2011.
BAPTISTA DA SILVA, Sergio. Etnoarqueologia dos Grafismos Kaingang: um modelo para a compreensão das sociedades Proto-Jê Meridionais. 2001. Tese (Doutorado em Antropologia Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2001.
CUSICANQUI, Silvia Rivera. Ch’ixinakax utxiwa una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.
DANOWSKI, Débora; VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Há mundo por Vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Cultura e Barbárie / Instituto socioambiental, 2014.
DESCOLA, Philippe. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Ed. 34, 2016.
ESCOBAR, Arturo. Territórios de diferença: a ontologia política dos direitos do território. Climacom Cultura Científica – Pesquisa, Jornalismo e Arte, [s.l.], v. 2, p. 1-19, 2017.
FAGUNDES, Luiz Fernando Caldas; FARIAS, João Mauricio (Org.). Objetos-Sujeitos: a arte Kaingang como materialização de relações. Porto Alegre: FUNAI / Ed. Deriva, 2011.
FREITAS, Ana Elisa de Castro; HARDES, Eduardo. O ofício antropológico (re)visitado: O encontro etnográfico frente às experiências colaborativas. In: RAMOS, José Luis R.; MARTÍNEZ, Janeth M. (Coord.). Enseñar y aprender a investigar – experiencias varias em América. Ciudad de México: Eumed.ne,, 2018. p. 44-62.
FREITAS, Ana Elisa de Castro. Garra de jaguar, botão de camisa, cartucho de bala: um olhar sobre arte, poder, prestígio e xamanismo na cultura material Kaingang. Mediações, Londrina, v. 19, n. 2, p. 62-83, 2014.
FREITAS, Ana Elisa de Castro. Mrũr Jykre – a cultura do cipó: territorialidades Kaingang na margem leste do Lago Guaíba, Porto Alegre, RS. 2005. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2005.
JAENISCH, Damiana Bregalda. Objetos-Sujeitos: a arte Kaingang como materialização de relações. In: FAGUNDES, Luiz Fernando Caldas; FARIAS, João Maurício (Org.). Objetos-Sujeitos: a arte Kaingang como materialização de relações. Porto Alegre: FUNAI/CR / Ed. Deriva; Passo Fundo/CTL, 2011. p. 41-55.
JAENISCH, Damiana Bregalda. A arte Kaingang da produção de objetos, corpos e pessoas – imagens de relações nos territórios das Bacias do Lago Guaíba e Rio dos Sinos. 2010. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2010.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
LAGROU, Els. Arte ou artefato? Agência e significado nas artes indígenas. Proa - Revista de Antropologia e Arte, Campinas, v. 1, n. 2, p. 1-26, 2010.
MARÉCHAL, Cleméntine Ismarie. Eu luto desde que me conheço por gente. Territorialidades e cosmopolítica Kanhgág enfrentando o poder colonial no sul do Brasil. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015.
NINHPRYG, Angelica Domingos. O bem viver Kaingang: perspectivas de um modo de vida para construção de políticas sociais com os coletivos indígenas. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço Social) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2016.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso. O trabalho do antropólogo: olhar, ouvir, escrever. Revista de antropologia, São Paulo, v. 39, n. 1, p. 12-37, 1996.
PREFEITURA MUNICIPAL DE CHOPINZINHO. Edital de Chamamento 15/2020. Chopinzinho, 2020. Disponível em: http://www.chopinzinho.pr.gov.br/portal/licitacoes/1611595843.pdf. Acesso em: 10 maio 2021.
ROSA, Claudia Maria Mello; FREITAS, Joberto Veloso (Coord.). Inventário Florestal Nacional: principais resultados – Terra Indígena Mangueirinha. Serviço Florestal Brasileiro. Brasília-DF: MAPA, 2019.
ROSA, Douglas Jacinto; FREITAS, Ana Elisa de Castro. O “Bem Viver” Kaingang e seus desafios. O exercício do direito de petição e sua aplicação no processo de reconhecimento territorial. In: FREITAS, Ana Elisa de Castro (Org.). Intelectuais indígenas e a construção da universidade pluriétnica no Brasil. Povos indígenas e os novos contornos do Programa de Educação Territorial/Conexões de Saberes. Rio de Janeiro: E-papers, 2015. p. 251-72.
ROSA, Rogério Reus Gonçalves. O xamanismo Kaingang, o poder e a floresta: uma análise da relação do Kujà (xamãs) com seus jagrê e santos do panteão do catolicismo popular. In: FLECK, Eliane Cristina Deckmann (Org.). Religiões e religiosidades no Rio Grande do Sul: manifestações da religiosidade indígena. São Paulo: ANPUH, 2014. p. 97-128.
TASSINARI, Antonella. Produzindo corpos ativos: a aprendizagem de crianças indígenas e agricultures através da participação nas atividades produtivas familiares. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, n. 44, p. 141-72, 2015.
TSING, Anna Lowenhaupt. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no antropoceno. Brasília: IEB Mil Folhas, 2019.
VELTHEM, Lucia Hussak Van. Cestos, peneiras e outras coisas: a expressão material do sistema agrícola no Rio Negro. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 55 n. 1, p. 401-38, 2012.
VERGUEIRO, Davi; MELLO, Roseli Loureiro de; PIRES, Márcio de Oliveira. Impacto do cultivo da soja transgênica nas Terras Indígenas/Tis da região Norte do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. In: FREITAS, Ana Elisa de Castro (Org.). Intelectuais Indígenas e a Construção da universidade Pluriétnica no Brasil – povos indígenas e os Novos Contornos do Programa de Educação Territorial/Conexões de Saberes. Rio de Janeiro: E-papers, p. 237-50, 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todos os artigos publicados na Revista Tellus estão disponíveis online e para livre acesso dos leitores, tem licença Creative Commons, de atribuição, uso não comercial e compartilhamento pela mesma. Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. Em virtude de aparecerem nesta revista de acesso público, os artigos são de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.