A danada da escola está lá: Educação Infantil vivenciada pelas crianças indígenas Tentehar maranhenses
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v18i36.488Palavras-chave:
escola como espaço de fronteira, professor bilíngue, interculturalidade.Resumo
O conhecimento de situações específicas sobre a escola indígena poderá contribuir para uma visão holística a respeito da escolarização de diferentes grupos étnicos e, assim, favorecer a construção de uma educação intercultural contextualizada. Este artigo investiga o processo de Educação Infantil (EI) vivenciado pelas pessoas que fazem a Pré-Escola Municipal Indígena Maíra-ira (PEI). A pesquisa realizada é de abordagem qualitativa do tipo etnográfico, e o referencial teórico-metodológico baseado em estudos sobre fronteiras étnicas e sobre escola indígena como espaço fronteiriço. Os instrumentos de coleta de dados foram: 1) levantamento de dados na Secretaria Municipal de Educação de Grajaú, MA (SEMED); 2) entrevistas semiestruturadas com um Professor Bilíngue (PB) e 3) conversas informais com a Assessora Pedagógica (AP), professoras da PEI, um ancião especialista e membros da comunidade. Constatamos que EI vivenciada na PEI ainda está fortemente arraigada às bases epistemológicas de um currículo eurocêntrico, portanto a prática do PB é fundamental na interação professor não indígena e as crianças, funcionando como uma porta para a valorização das tradições e da Língua Tentehar. A educação ofertada na PEI ainda não se configura plenamente em um diálogo contextualizado entre os saberes ocidentais e os tradicionais, pois a cultura Tentehar não está sendo nem o ponto de partida nem o de chegada, do currículo vivenciado. Dentre os pontos de tensão, destacamos: as vozes ausentes dos Tentehar no currículo escolar, carência de material específico e diferenciado. Portanto somente o discurso oficial sobre a educação intercultural, sem condições reais de igualdade para que o intercâmbio aconteça, poderá ser muito mais um fator de exclusão social e cultural.
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