Estudantes Tikuna em Manaus: entre o protagonismo na escola indígena e o silenciamento de identidades na escola não-indígena
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v21i45.766Palavras-chave:
escola diferenciada, estudantes Tikuna, Wotchimaücü, identidade, ManausResumo
O artigo resulta de uma análise qualitativa realizada a partir de pesquisa de campo na escola diferenciada do povo Tikuna, da Comunidade Wotchimaücü, localizada na periferia de Manaus. Objetivou-se analisar as repercussões das práticas educativas diferenciadas no processo de afirmação/ ressignificação da identidade étnica de seus estudantes junto à sociedade circundante, especialmente nas escolas formais em que efetivam sua escolarização, a fim de compreender como se dão tais processos e o papel das escolas formais nesse construto. O aporte teórico metodológico utilizado foi a pesquisa qualitativa ancorada na fenomenologia e na hermenêutica, utilizando a observação direta e entrevistas semiestruturadas. Os resultados do estudo apontam que as práticas educativas diferenciadas têm contribuído, mesmo com limitações, no processo de conhecimento dos saberes tradicionais da cultura do povo Tikuna e na ressignificação da identidade étnica de seus estudantes no contexto citadino. Estes apresentam posicionamentos divergentes em relação à questão da afirmação de sua identidade étnica nas escolas formais em que estudam. Alguns afirmam sua identidade étnica, outros a silenciam, numa estratégia de invisibilidade sociocultural frente ao cenário de preconceitos e discriminações. O estudo também evidenciou que as escolas formais ainda não concretizam práticas interculturais eficientes para a promoção da alteridade, do respeito às diferenças, e valorização das culturas subalternizadas do contexto amazônico, contribuindo para um processo de invisibilidade sociocultural e silenciamento de identidades de seus estudantes Tikuna. Entretanto, tais estudantes buscam na escola diferenciada indígena a resistência e a resiliência para o bem viver na cidade.
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