Ymyã-hu Nhandywa – o tempo do castanhal: temporalidades na vida Kagwahiva Tenharin
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v21i45.773Palavras-chave:
agência, castanha, Tenharin Kagwahiva, mercadoriaResumo
Este ensaio tem duas finalidades. A primeira será pensar a circulação da castanha enquanto um processo que agrega uma malha de relações políticas e comerciais. A segunda finalidade é desvelar o modo como a castanha, como agente transumano, circula entre o mundo ritualístico da festa Mboatawa e o mundo da mercadoria fetichizada, controlado pelos donos dos castanhais. Nessa perspectiva, a castanha, símbolo agregador de alianças sociais dos Kagwahiva, torna-se uma agência, um não-humano, em diversos momentos: na limpeza do castanhal, na coleta, na venda, na predação da festa Mboatawa e no replantio de Nhahã (castanha) em novas áreas. Meu interesse não é fazer uma análise sobre o ritual da festa, mas, antes, evidenciar como Nhahã, como mercadoria, como agente agregador de relações e de recursos econômicos, movimenta e temporaliza a sociedade Kagwahiva.
Palavras-chave: castanha, agência, mercadoria, Kagwahiva Tenharin
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