Os últimos falantes da Língua Baré
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v19i39.584Palavras-chave:
livro didático, educação diferenciada, Terena.Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de pesquisa sobre os últimos falantes da língua Baré no Amazonas, Brasil. Trata-se de um estudo sobre a língua do povo Baré e de seus falantes mais idosos que, nos anos 90 ainda lembravam de vocabulários da língua Baré. As metodologias utilizadas foram abordagem quali-quantitativa, levantamento surveys, de pesquisa de campo e do método das comparações léxico-estatísticas, de Morris Swadesh (1958) e as técnicas empregadas foram de entrevista focalizada. O estudo constatou que os Baré mais idosos ainda lembravam de palavras na língua Baré, da família Arawak do ramo Maipure do Norte. A pesquisa apontou também que somente alguns Barés acima dos 70 anos conseguiam lembrar de alguns vocabulários nesta língua, mas não conseguiam formar frases e/ou sentenças, apenas lembravam de palavras soltas. Este processo de desaparecimento da língua Baré começou no século XVII e se acentuou nos séculos XVIII e XIX, de forma que no final do século XIX já não havia mais falantes fluentes em língua Baré e os mesmos passaram a falar o Nheengatu como língua étnica. Deste modo, nossa pesquisa, realizada em 2017 com os Bare mais antigos, aponta que não há mais entre a população idosa deste povo alguém que conseguisse lembrar palavras em Língua Baré.
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