História e produção da escrita entre os Xakriabá e os Pataxoop de Minas Gerais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v20i43.697

Palavras-chave:

educação indígena, escrita indígena, Xakriabá, Pataxó/Pataxoop

Resumo

Neste artigo, analisamos processos recentes de produção de materiais escritos entre os Xakriabá e os Pataxoop (MG), cujos produtos assumiram diferentes formatos, buscando trazer aspectos centrais que delineiam as características do conteúdo e da forma final do produto editorial. Ambos são povos indígenas que têm o português como língua materna. O caso dos Pataxoop ilustra uma reelaboração original da escrita em associação com outras formas expressivas, como o canto e o desenho. O caso dos Xakriabá revela o uso da escrita inserido em processo de elaboração sobre a história de luta, com um procedimento de autoria coletiva negociada no qual a memória ingressa num exercício cruzado de sentido acadêmico e político e com repercussões epistemológicas.

Biografia do Autor

Ana Maria R. Gomes, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutora em Educação pela Università di Bologna com pós-doutorado no PPGAS/Museu Nacional (UFRJ) e University of St. Andrews. Professora Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

C´élia Nunes Corrêa, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutoranda em Antropologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Desenvolvimento Sustentável junto a Povos e Terras (MESPT/UnB). Professora diplomada no curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas na UFMG.

Shirley Aparecida de Miranda, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Pós-doutorado no CES/Universidade de Coimbra. Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Associada da Faculdade de Educação da UFMG. 

Referências

ANASTÁCIO, Vanessa Lorena. Um povo da palavra: ressonâncias da cultura acústica na educação escolar indígena Xakriabá. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação e Formação Humana) – Universidade do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2018.

ANDRADE, Rebeca C. Resistências semiáridas: sobre a produção e circulação de conhecimentos pela rede sociotécnica do milho, estiagem e os indígenas Xakriabá do norte de Minas Gerais. 2019. Tese (Doutorado em Educação: Conhecimento e Inclusão Social) – Universidae Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2019.

BLASER, Mario; DE LA CADENA, Marisol. Introduction: Pluriverse. Proposals for a world of many worlds. In: DE LA CADENA, M.; BLASER, M. (Ed.). A world of many worlds. Durham: Duke Univ. Press, 2018.

BOMFIM, Anari Braz. Patxohã, “Língua de Guerreiro”: um estudo sobre o processo de retomada da língua Pataxó. 2012.Dissertação (Mestrado em Estudos Étnicos e Africanos) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 2012.

BRAZ, Saniwê Alves. Alfabetizar cantando na aldeia Muã Mimatxi. 2016. 46 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, 2016.

BRAZ, Werymehe A. Tehêys de Pescaria de conhecimento. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, 2019.

BRAZ, Werymehe A.; VALADARES, Juarez M. A educação na aldeia e na escola indígena de Muã Mimatxi: o tehêy de pescaria de conhecimento. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 47. [no prelo].

CARDINA, Miguel; MARTINS, Bruno Sena (Org.). As voltas do passado: a guerra colonial e as lutas de libertação. Lisboa: Tinta da China, 2018.

CARVALHO, Maria Rosário. Os Pataxó de Barra Velha: seu subsistema econômico. 1977. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, 1977.

CORREA, Célia Nunes; XAKRIABÁ, Célia. O barro, o genipapo e o giz no fazer epistemológico de autoria Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. 2018. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável) – Universidade de Brasília, Brasília-DF, 2018.

CUEVAS, P. Memoria colectiva: hacia um proyecto decolonial. In: WALSH, K. (Org.). Pedagogias decoloniales. Practicas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Tomo 1. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2013.

DE LA CADENA, Marisol. Earth beings. Ecologies of practice across Andean worlds. Durham: Duke Univ. Press, 2015.

DE LA CADENA, Marisol. Indigenous cosmopolitics in the Andes: conceptual reflections beyond “politics”. Cultural Anthropology, [s.l.], v. 25, n. 2, p. 334-70, 2010.

ESCOBAR, Suzana A.; GALVÃO, Ana Maria O.; GOMES, Ana Maria R. Culturas do escrito nas associações e projetos sociais indígenas: um estudo sobre os Xakriabá, Minas Gerais. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 22, n. 68, p. 231-53, 2017.

FARIA FILHO, Luciano Mendes. O processo de escolarização em Minas Gerais: questões teórico-metodológicas e perspectivas de pesquisa. In: VEIGA, Cynthia Greive; FONSECA, Thais Nívea de Lima (Org.). História e historiografia da educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. p. 77-97.

ILLICH, Ivan. Um apelo à pesquisa em cultura escrita leiga. In: OLSON, D. R.; TORRANCE N. (Ed.). Cultura Escrita e Oralidade. São Paulo: Ática, 1995. p. 35-54.

ILLICH, Ivan. In the Vineyard of the Text: a commentary to hugh’s didascalicon. Chicago: University of Chicago Press, 1993.

LADEIRA, Maria Elisa. “De “povos ágrafos” a “cidadãos analfabetos”: as concepções teóricas subjacentes às propostas educacionais para os povos indígenas no Brasil”. In: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela; CESARINO, Pedro (Org.). Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Editora Unesp; Cultura Acadêmica, 2014. p. 435‐54.

LEITE, Lucia Helena Alvarez. Os professores indígenas chegam à universidade: desafios para a construção de uma educação intercultural. In: DINIZ-PEREIRA, J. E.; LEAO, G. M. P. (Org.). Quando a diversidade interroga a formação docente. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. p. 37-55.

LIMA, Amanda M. A. O livro indígena e suas múltiplas grafias. 2012. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2012.

MARTINS, Bruno Sena. Violência colonial e testemunho: para uma memória pós-abissal. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, n. 106, p. 105-26, 2015.

MIRANDA, Shirley Aparecida. Dilemas do reconhecimento: a escola quilombola “que vi de perto”. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as), Goiânia, v. 8, n. 18, p. 68-89, 2016.

OLIVEIRA, Joel Gonçalves; ALKIMIM, Maria José Nogueira; MIRANDA, Shirley Aparecida. O tempo passa e a história fica. Belo Horizonte: Fino Traço, 2020. V. 2.

PATAXÓ, Kanatyo; PATAXÓ, Siwê. Pega fruta. Belo Horizonte: Fino Traço, 2017.

PATAXOOP, Liça. Tehey: Pescaria de Conhecimento. Belo Horizonte: Fino Traço, 2020.

PEREIRA, Verônica M. A circulação da cultura na escola indígena Xakriabá. 2013. Tese (Doutorado em Educação: Conhecimento e Inclusão Social) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2013.

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. Sociología de la imagen: miradas ch’ixi desde la historia andina. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015.

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. Ch’ixinakax utxiwa: una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

SAHLINS, Marshall. O “pessimismo sentimental” e a experiência etnográfica: por que a cultura não é um “objeto” em via de extinção (parte II). Mana, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 103-50, 1997.

SANTOS, Ana Flávia Moreira. Do terreno dos caboclos do Sr. São João à Terra Indígena Xakriabá: as circunstâncias da formação de um povo – um estudo sobre a construção social de fronteiras. 1997. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade de Brasília, Brasília-DF, 1997.

SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez Editora, 2014.

SANTOS, Rafael Barbi C. A cultura, o segredo e o índio: diferença e cosmologia entre os Xakriabá de São João das Missões/MG. 2010. Dissertação (Mestrado em em Antropologia Socia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2010.

SANTOS, Rodrigo M. O gê dos gerais: elementos de cartografia para a etno-história do planalto central – contribuição à antropogeografia do cerrado. 2013. Dissertação (Mestrado Profissional em Desenvolvimento Sustentável) – Universidade de Brasília, Brasília-DF, 2013.

SILVA, Lucilene Julia. As contribuições do método indutivo intercultural para a construção de uma escola indígena diferenciada: buscando diálogos entre Brasil e México. 2016. Tese (Doutorado em Educação: Conhecimento e Inclusão Social) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2016.

SMITH, Linda Tuhiwai. Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas. Tradução de Roberto T. Barbosa. Curitiba: Ed. UFPR, 2018.

STENGERS, Isabelle. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 69, p. 442-64. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p442-464. Acesso em: 20 jan. 2018.

Downloads

Publicado

2021-04-26

Como Citar

R. Gomes, A. M., Corrêa, C. N., & Miranda, S. A. de. (2021). História e produção da escrita entre os Xakriabá e os Pataxoop de Minas Gerais. Tellus, 20(43), 167–192. https://doi.org/10.20435/tellus.v20i43.697

Edição

Seção

Dossiê - Produção de material em línguas indígenas e saberes ancestrais