Os Kambeba, a escola e seus significados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v0i42.698

Palavras-chave:

Kambeba, escola indígena, identidade

Resumo

A Educação Escolar Indígena se constitui em um processo de enfrentamento dos grupos étnicos em vivenciar, dentro das aldeias, um modelo de escola diferenciada dos padrões não indígenas. Essa luta se torna possível com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que destina um artigo para lhes possibilitar a apropriação dessa reivindicação. A escola entre os Kambeba da Terra Indígena da Barreira da Missão, Comunidade Betel Tefé (AM), foi incorporada e vivenciada pela comunidade a partir desse período. Diante disso, esse texto traz como objetivo central analisar como os Kambeba da Comunidade Betel Tefé (AM) percebem a função da Escola Municipal Rural Indígena Padre Augusto Cabrolié no fortalecimento cultural e identitário do grupo étnico. O caminhar metodológico utilizou o método hermenêutico-dialético, pela possibilidade de discutir os dados, percebendo os enfrentamentos e tensões intrínsecos desse processo. Os resultados nos mostraram que esse grupo de Kambeba percebe a escola como elo que fortalece a comunidade, sendo o lugar onde o resgate das crenças, das tradições e dos costumes está sendo desenvolvido pelos professores nas salas de aula, e o aluno Kambeba tem se apropriado de elementos singulares da cultura e construído novos significados que são necessários para o fortalecimento identitário. As conclusões evidenciam que a escola que um dia foi palco para homogeneização e negação das diferenças étnicas é, atualmente, o lugar de novaspossibilidades, pois procura atender às expectativas e aos anseios do grupo, culminando para o fortalecimento da cultura do povo Kambeba.

Biografia do Autor

Kácia Neto de Oliveira Fonseca, Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas (UFA), com pesquisa em andamento na Educação Escolar Indígena. Especialista em Gestão de Currículo pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Graduada em Pedagogia pela UFA. Professora na Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino. Experiência na área de Educação, com ênfase em Educação.

Jaspe Valle Neto, Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Doutorando em Educação na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Mestre em Educação pela Ufam. Graduado em Pedagogia pela Universidade Paulista. Servidor público exercendo a função de assessor pedagógico, junto ao Núcleo Pedagógico do Centro de Mídias de Educação do Amazonas (Cemeam-Seduc/AM). Experiência na área de docência em Educação junto aos alunos de graduação e pós-graduação (lato sensu) em Ciências Humanas, com ênfase em Educação e Multiculturalismo, Educação Escolar Indígena, Orientação de Estágio Supervisionado, Metodologia da Pesquisa e da Produção Científica, Projeto de Pesquisa, Filosofia da Educação, Psicologia da Educação, Gestão Educacional, Sociologia da Educação, História da Educação, Educação Infantil, Orientação de Trabalhos de Conclusão de Curso, entre outros.

Valeria Augusta Cerqueira de Medeiros Weigel, Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Doutora em Ciências Sociais (Antropologia) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo. Graduada em Letras e Artes pela Universidade Federal do Pará.Professora associada IV da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Antropologia Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: educação indígena, educação amazônica, educação e cultura, educação e meio ambiente e identidade étnica.

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Publicado

2020-11-12

Como Citar

Neto de Oliveira Fonseca, K., Valle Neto, J. ., & Augusta Cerqueira de Medeiros Weigel, V. (2020). Os Kambeba, a escola e seus significados. Tellus, (42), 137–152. https://doi.org/10.20435/tellus.v0i42.698