Sofrimento acadêmico e violência epistêmica: considerações iniciais sobre dores vividas em trajetórias acadêmicas indígenas
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v20i41.640Palavras-chave:
estudantes indígenas, sofrimento, universidade, políticas educacionaisResumo
O objetivo deste texto é ressaltar a importância do tratamento do sofrimento psíquico em discentes pertencentes a populações indígenas em suas trajetórias acadêmicas na Universidade Federal de Goiás (UFG). Para tanto, foram realizadas análises a partir da experiência vivenciada por parte dos estudantes indígenas no curso de Educação Intercultural e nos demais cursos de graduação e pós-graduação da UFG. Na última década, tais contingentes populacionais têm acessado cada vez mais a academia, onde antes eram apenas excluídos. Desta forma, para que suas trajetórias acadêmicas, importantes para eles, suas comunidades, a universidade e o país, concluam-se com bem- estar e saúde, torna-se fundamental explorar todos os aspectos das políticas de permanência na universidade, como o sofrimento psíquico. Tendo em vista as abordagens presentes nos referenciais teóricos e metodológicos do grupo modernidade/colonialidade/decolonialidade, a hipótese presente em nosso estudo é de que há uma relação direta entre o sofrimento psíquico e a violência epistêmica.
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