As plantas medicinais na vida de mulheres indígenas Xipaya e Kuruaya: histórias, conhecimentos tradicionais e usos na cidade de Altamira, Pará

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/tellus.v22i47.803

Palavras-chave:

etnias Xipaya e Kuruaya, mulheres indígenas, plantas medicinais, conhecimento tradicional

Resumo

Este artigo buscou compreender o papel das plantas medicinais na vida dos povos indígenas Xipaya e Kuruaya, destacando os conhecimentos tradicionais, usos e aspectos culturais. Estas etnias vivem em Altamira, no Pará. Observamos, a partir de entrevistas desenvolvidas com as mulheres de ambas as etnias, de que maneira essas tradições são mantidas, mesmo em território urbano, apontando as dificuldades enfrentadas e os benefícios que os saberes proporcionam. Conduzimos, além das entrevistas abertas, conversas estruturadas com as indígenas, com a finalidade de descrever os saberes e as experiências vivenciadas pelos mais velhos. Estas conversas foram gravadas por meio de aparelho celular para posterior consulta durante a construção do texto. O conhecimento e uso de plantas medicinais historicamente eram de propriedade dos pajés, porém, com mudanças sociais e territoriais, as mulheres Xipaya e Kuruaya anexam essas atividades às suas jornadas de trabalho. Após análise, concluiu-se que o conhecimento acerca das plantas medicinais e seus usos é um traço cultural dessas indígenas, que não apenas é reproduzido, mas continua sendo experimentado por essas mulheres, cujas práticas vão apresentando transformações por meio da ação delas.

 

Biografia do Autor

Ana Paula Xipaia, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Indígena Xipaya. Especialista em Educação por Inversão Pedagógica: inclusão para a emancipação em territórios socioeducativos na Transamazônica-Xingu pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Graduada em Etnodesenvolvimento pela UFPA, Campus Universitário de Altamira. Coordenadora pedagógica da Educação Escolar Indígena (EEI) Ensino Modular na Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de Altamira.

Francilene de Aguiar Parente, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Antropologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Ciências Sociais pela UFPA, com área de concentração em Antropologia. Graduada em Ciências Sociais pela UFPA, com ênfase em Sociologia. Professora adjunta da UFPA, vinculada à Faculdade de Etnodiversidade/Campus de Altamira. Participa como docente dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Cultura, da UFPA, e Educação Escolar Indígena, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), em rede com a UFPA, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Vice-líder do grupo de estudos Afro-Brasileiro e Indígena (GEABI/UFPA).

Flávio Bezerra Barros, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutor em Biologia da Conservação pela Universidade de Lisboa, Portugal. Mestre em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Professor associado da Universidade Federal do Pará (UFPA), vinculado ao Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (INEAF). Participa como docente permanente dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e Agriculturas Amazônicas, da UFPA, e Ciências Ambientais, da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Atualmente, é presidente da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE). Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (Nível 2). Líder do Grupo de Estudos Interdisciplinares sobre Biodiversidade, Sociedade e Educação na Amazônia (BioSE/CNPq).

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Publicado

2022-06-15

Como Citar

Xipaia, A. P. ., Parente, F. de A., & Barros, F. B. (2022). As plantas medicinais na vida de mulheres indígenas Xipaya e Kuruaya: histórias, conhecimentos tradicionais e usos na cidade de Altamira, Pará. Tellus, 22(47), 137–164. https://doi.org/10.20435/tellus.v22i47.803