A sindrome de Simão Bacamarte como obstáculo para reprodução social do conhecimento tradicional indigena frente ao estado brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.20435/tellus.v23i50.921Palabras clave:
etnocidio, Simão Bacamarte, Machado de Assis, comunidades tradicionais, povos origináriosResumen
O presente artigo pretende enfrentar as tendências etnocidas do Estado brasileiro que geram obstáculos a reprodução social do conhecimento oral das comunidades tradicionais no brasil, a partir do desenvolvimento do conceito de Síndrome de Simão Bacamarte para identificar essa atitude estatal tornando-a verificável e visível, a partir da análise do processo n°0004747-33.2014.4.02.5101, que correu na 17° Vara –Justiça Federal –RJ do Ministério Público federal contra o Google pedindo a retirada de 17 vídeos da igreja universal de Deus que tratavam de forma preconceituosa as religiões de matriz africana em 2014.E a decisão de negar um interprete as testemunhas Kaiowas no processo da justiça federal de São Paulo- n° 2003.60.02.000374-2 que trata do homicídio de Marco Veron são exemplos de um ato estatal resultante da “síndrome de Simão Bacamarte” que se dá pela crença em valores próprios ao cientificismo do século XIX e que pode levar a atitudes etnocêntricas da administração pública gerando conflitos culturais e diminuição de acesso a cidadania.
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